A Pandemia trouxe uma mudança no quadro da população fixa na Riviera. Em números gerais, a população fixa do bairro teve em 2020 um aumento de aproximadamente 21%, comparada à de 2019, e o mesmo percentual em relação a 2018. É um crescimento importante, pois, em anos menos atípicos, somente na alta temporada há elevação do número de habitantes no local. Em 2018 e 2019, a média fixa diária foi de 21,5 mil; e, em 2020, 26 mil. Este é um número médio, mas ocorreram picos nos quais o bairro registrou presença superior a 80 mil pessoas.
Um dos primeiros setores impactados foi o dos resíduos. Mais gente vivendo no bairro, maior é a geração de lixo. Na Riviera, a Prefeitura do Município de Bertioga faz a coleta dos resíduos comuns e a Associação dos Amigos é responsável pelo gerenciamento dos resíduos recicláveis, fazendo a coleta seletiva, triagem e destinação. Em 2020, houve aumento de 73% na geração dos recicláveis, na comparação com 2019. O total de resíduos coletados, triados e destinados no ano passado foi de 628,5 toneladas, enquanto em 2019 foi de 362 toneladas de materiais, divididos em plástico, papel, vidros, alumínios e sucatas de ferro. Sem contar a coleta dos resíduos considerados potencialmente perigosos, como pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes, óleo vegetal, pneus e outros que também são coletados pela Associação e que recebem destinação adequada. Dentre os materiais coletados, o alumínio foi o que registrou maior aumento, com 130%, seguido pelo plástico, com expansão de 121%, vidros (106%), ferro (72%) e papel (30%).
O que se observa é que a produção do lixo aumentou em proporção maior que a população, o que revela uma mudança no comportamento das pessoas. “A população está gerando mais lixo pois está ficando mais em casa. Percebemos, por exemplo, um aumento considerável no descarte de garrafas verdes e marrons e também das latinhas de alumínio, indicando que as pessoas estão consumindo mais cerveja”, explica Georgeta Gonçalves, educadora ambiental e coordenadora do Programa de Gerenciamento de Resíduos da Riviera de São Lourenço. Outros resíduos que aumentaram muito foram as embalagens. “Hoje tudo é feito por delivery, e as embalagens descartadas representam grande volume que chega à nossa Central”, acrescenta.
Para atender a essa elevação da demanda nos serviços, a Associação dos Amigos investiu em algumas adaptações. Inovações foram feitas na rotina de coleta e na Central de Triagem de Resíduos da Riviera, para armazenar e dar vazão ao volume coletado. Segundo Fernando de Sanctis, gerente de Manutenção da entidade, as mudanças começaram pela adaptação à rotina e ao quadro de colaboradores para atender à coleta e triagem dos materiais. “Deslocamos o nosso pessoal conforme a demanda. Quando tem mais gente na Riviera, intensificamos o serviço com mais colaboradores, chegando a ter 20 funcionários trabalhando somente na Central de Triagem nos momentos de maior pico. Normalmente, temos de 8 a 10 funcionários na triagem, sendo 3 com necessidades especiais. Todos os colaboradores da Central de Triagem tem o Registro de Separador de Material Reciclável, do Ministério do Trabalho”, enfatiza.
Mas, segundo Fernando, em 2020, a maior inovação foi a troca do coletor dos materiais, que proporcionou otimização na logística e funcionamento da Central de Triagem. Ele explica: “Os fardos de papel e plástico antes tinham que ser empilhados no chão, à espera de uma caçamba disponível, e havia dependência de uma retroescavadeira para carregar o caminhão. Agora, temos uma caçamba plataforma, sem laterais. À medida que vamos gerando o fardo, já vamos colocando na plataforma, facilitando enormemente o carregamento e organizando a central, pois sobra muito mais espaço. A vazão dos resíduos é muito mais rápida e há mais precisão na hora de pesar o material”.